segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Why we run?

No ano de 490 a.C. os Atenienses derrotaram os Persas nas planícies de Marathonás, a 42 Km de Atenas. Antes da batalha os Persas tinham prometido que em caso de vitória destruiriam Atenas, levando as mulheres e crianças como escravos. Para evitar isso, Mílciades, o general grego que comandava os atenienses, pedira aos que ficavam na cidade para se suicidarem caso não tivessem notícias da batalha em 24 horas.
Os gregos venceram mas para evitar a chacina, o melhor atleta grego, Filípedes correu os 42 195m o mais depressa que pode e anunciou a vitória antes de morrer de exaustão.
Cerca de 2400 anos depois, em 1896, a maratona foi criada como a mais emblemática prova das Olimpíadas Modernas. De todos os eventos desportivos que fazem parte dos Jogos Olímpicos, a Maratona é aquela que mais simboliza o esforço, a dedicação e o sacrifício pedidos aos atletas. Todos nos lembramos de Carlos Lopes ou de Rosa Mota nas suas (longas) corridas para a glória. Até parece fácil fazer 42 km em pouco mais de 2 horas…
Um amigo perguntava-me há algum tempo:
”Porque corres tu? O que te leva a fazer km atrás de km à chuva, ao frio, debaixo do Sol ou do vento? É para perder peso? Para ganhares alguma prova? Sinceramente não entendo…”
Durante anos, quando praticava ténis e futebol de forma mais “séria”, correr era um sacrifício. Não havia nada pior do que os treinos para melhorar a condição física… Aquelas voltas ao campo pelado ou pelo Estádio Nacional eram penosas e fazia tudo para as acabar mais depressa ou não as fazer de todo. Só pelos 30, quando a vida nos começa a tirar o que damos por garantido, é que passei a correr com regularidade e paixão. E a descobrir que há algo mais em correr do que apenas ganhar saúde.
Ao contrário de Filípedes, não me move a urgência de chegar para anunciar a vitória. Não corro para perder calorias nem para vir a ganhar qualquer prova no futuro. Não procuro a glória nem o ouro, nem sequer o dinheiro. Para mim, correr tem a ver com um instinto muito básico que nos move desde sempre: ultrapassar o nosso limite. Sair da zona de conforto e dar o primeiro passo do primeiro treino. Aquela expectativa do que vou fazer e até onde posso ir. Sentir que custa dar 1100 ou 1000 passos para lá do limite mas sabe bem melhor ir além disso. Chegar ao fim e sentir na boca aquela sede de “quero mais, quero ir mais além da próxima vez”.
Porque quando corro sou só eu ali, mesmo que o faça com outros. As minhas pernas, os meus pulmões e a minha determinação, “mano a mano”, “one on one” comigo mesmo. Os meus limites na minha cabeça são o alvo a abater. E no fim ganho quando os deixo para trás, quando paro e sinto que este já está, venha o próximo.
Como tudo na vida precisamos de um objectivo claro e motivação para o atingir. Muitos de nós já nos inscrevemos no ginásio para deixar de ir algumas semanas depois. Quantas vezes pensámos começar amanhã uma dieta para desistir passados alguns dias e algumas tentações? Mesmo quando começamos cheios de força é difícil manter no tempo algo que não sabemos bem para que serve, em especial se os resultados ficarem aquém do esperado. Como tal aceitem 2 conselhos:
1 – Definam objectivos concretos, com horizontes temporais específicos, ambiciosos mas realistas. Escrevam-nos numa folha de papel e andem sempre com ela. Sempre que atingirem um desses objectivos festejem e premeiem-se a vós próprios, porque merecem. E quando se sentirem mais desmotivados abram a folha de papel e leiam o que escreveram.
2 – Encontrem quem vos apoie e dê forças quando a motivação é menor. Partilhem com esse grupo os objectivos para que eles puxem por vocês e vos chamem à razão quando estão mais distantes do mesmo.
O primeiro depende de vocês, do que querem fazer e onde querem chegar. Quanto ao segundo conselho, venham correr por Lisboa que nós tratamos da motivação. Prometemos que vão conhecer uma outra cidade, vão olhar para ela com outros olhos. Mais, não pagam mais por isso e ainda vos faz bem à saúde!
Levantem-se do sofá e venham divertir-se connosco!
P.

3 comentários:

André Costa disse...

Viva!

Este post diz-me muito!

Correr tb era um sofrimento (quase) atroz, que fazia raramente e apenas por "obrigação" para outros desportos.
Depois dos 30 (lá está...) a coisa inverteu-se e agora é a própria patroa que diz "vai mas é correr pq estás impossível..." :)

Do jogging matinal ao fim de semana, passei para treinos mais longos e regulares, uma ou outra meia maratona e, por fim, descobri as corridas de montanha e os ultra-trails!
Estou literalmente viciado nisto!

A superação pessoal de fazer um ultra-trail é algo que... que... só experimentando! :)
Não sei se já fizeram algo do género, mas pelo post que acabei de ler, deviam experimentar!!

Parabéns pela grande iniciativa que criaram e qd estiver por Lx (habito no distrito de Aveiro), vou tentar fazer uma perninha numa dessas "Corridas Na Cidade".

Bons treinos!

Ricardo disse...

Cá para mim voltaram a cair no sofá. Atleta uma vez, atleta toda a vida

apareçam

Sílvia disse...

Afinal, parece que os 30 são bons...sinto-me melhor com 30 do que quando tinha 20 e não voltaria a esta idade. Pelo menos para nós mulheres.